segunda-feira, 5 de maio de 2025

Capítulo II: A Chave da Serpente

Codex Apocalypsis Petri 


Capítulo II: 

A Chave da Serpente




Introdução: 

A Serpente como Chave Hermética


A serpente é um dos símbolos mais antigos e universais, representando paradoxos fundamentais: sabedoria e tentação, morte e renascimento, caos e ordem. Como afirma o Zohar: "A serpente é a mais sagrada e a mais profana de todas as criaturas, pois toca o abismo e ascende aos céus" (Zohar I, 35b). Desde o Éden até os mistérios gnósticos, ela atua como mediadora entre o divino e o terreno, conforme descrito no Livro de Enoque: "E a serpente era mais sutil que todas as bestas do campo, e conhecia os segredos que os anjos guardavam" (1 Enoque 24:3).

 


1. O Simbolismo Arquetípico da Serpente

1.1. Da Bíblia à Alquimia

  • Gênesis 3: "Mas a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal" (Gênesis 3:4-5).
  • Ouroboros: No papiro Chrysopoeia de Cleopatra (século II d.C.), acompanhado da inscrição: "Um é o Todo, e por ele o Todo, e nele o Todo, e se o Todo não contivesse o Todo, o Todo não seria nada".
  • Caduceu de Hermes: Como descrito no Corpus Hermeticum: "O que está em baixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está em baixo, para realizar o milagre da coisa única" (Tabula Smaragdina, I.2).


1.2. A Serpente na Tradição Esotérica

  • Livro de Enoque: "E Azazel ensinou os homens a fabricarem espadas, e as mulheres a arte do enfeite e da sedução, e revelou-lhes os segredos dos metais e das serpentes" (1 Enoque 8:1).
  • Zohar: "A serpente primordial é a escada entre o trono e o abismo, e quem domina seu segredo domina a si mesmo" (Zohar II, 23a).

 

2. Astrologia Oculta: As 13 Casas da Serpente Celeste

2.1. Ofiúco e Draco: As Constelações Proibidas

  • Sobre Ofiúco, o astrólogo medieval Albumasar escreveu: "A décima terceira casa é a do Serpentário, que cura e envenena, pois carrega em suas mãos o poder da vida e da morte" (De Magnis Coniunctionibus, III.4).
  • Quanto a Draco, o Testamento de Salomão afirma: "E o dragão do céu é o primeiro e o último, que cerca o trono com seu corpo" (Test. Salomão 18:7).


2.2. Os Arquétipos Astrológicos da Serpente

  • Sobre Lilith, o Alfabeto de Ben-Sira declara: "E Lilith disse: Não me deitarei sob ti, pois sou igual a ti, feita do mesmo pó" (Alfabeto de Ben-Sira, 23a).
  • Acerca de Algol, Cornelius Agrippa registrou: "A estrela da Górgona é a mais maléfica do céu, e seu fulgor traz a loucura ou a revelação" (De Occulta Philosophia, I.47).

 

3. A Serpente no DNA e na Cabalá

3.1. A Dupla Hélice como Serpente Enrolada

Como observou o antropólogo Jeremy Narby: "Os xamãs veem duas serpentes entrelaçadas onde os cientistas veem a dupla hélice - e ambos descrevem a fonte da vida" (A Serpente Cósmica, p. 122).

3.2. A Árvore da Vida e a Serpente da Ascensão

O Sepher Yetzirah afirma: "Dez são os números do nada, e vinte e dois as letras fundamentais; três mães, sete duplas e doze simples, mas a serpente as percorre todas" (Sepher Yetzirah 1:1).

 

4. Grimórios e a Invocação da Serpente da Revelação

4.1. Textos Mágicos e Pactos Serpentinos

O Testamento de Salomão descreve: "E o demônio em forma de serpente disse: Nomeio-me Enepsigos, e habito nos lugares úmidos, mas posso ser compelido pelo anel que tem o selo de Deus" (Test. Salomão 12:3).

4.2. Enigmas e Códigos Ocultos

O enigma latino "Per serpentem scientiae ad astra" ecoa a máxima hermética registrada no Poimandres: "Através da sabedoria da serpente, o homem ascende além das esferas" (Corpus Hermeticum I.26).

 

Conclusão: A Serpente como Guardiã dos Mistérios

Como sintetiza Eliphas Levi: "A serpente mordendo a cauda é o círculo da eternidade; a serpente erguida é o eixo dos mundos; a serpente enrodilhada é o sono da matéria, onde sonha o espírito" (Dogma e Ritual da Alta Magia, II.7). Este capítulo revela que a serpente não é apenas um símbolo de tentação, mas a própria chave para compreender a ligação entre todas as coisas.

 

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas

Fontes Primárias

  1. Bíblia Sagrada
    • Livro do Gênesis. Edição Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
    • Evangelho de João. Edição Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
  2. Livro de Enoque (1 Enoque)
    • Tradução do Ge'ez por R.H. Charles. Oxford: Clarendon Press, 1912.
  3. Zohar
    • Matt, Daniel C. (trad.). The Zohar: Pritzker Edition. Stanford University Press, 2004-2017.
  4. Testamento de Salomão
    • Tradução do grego por F.C. Conybeare. In: Jewish Quarterly Review, 1898.
  5. Corpus Hermeticum
    • Copenhaver, Brian P. (trad.). Hermetica: The Greek Corpus Hermeticum and the Latin Asclepius. Cambridge University Press, 1992.
  6. Sepher Yetzirah
    • Kaplan, Aryeh (trad.). Sefer Yetzirah: The Book of Creation. Weiser Books, 1997.
  7. Alfabeto de Ben-Sira
    • Tradução do hebraico por M. Himmelfarb. In: Jewish Quarterly Review, 1987.

Fontes Secundárias

  1. Obras Clássicas de Magia e Astrologia
    • Agrippa, Heinrich Cornelius. De Occulta Philosophia Libri Tres. 1533.
    • Albumasar. De Magnis Coniunctionibus. Tradução árabe-latim, século XII.
  2. Estudos Modernos
    • Narby, Jeremy. A Serpente Cósmica: DNA e as Origens do Saber. São Paulo: Editora Cultrix, 1995.
    • Lévi, Eliphas. Dogme et Rituel de la Haute Magie. Paris, 1856.
  3. Grimórios
  • Liber Aervm (atribuído a Salomão). Manuscrito do século XVII.
  • O Grande Grimório. Edição de Fernando Guedes.

Edições Críticas Recomendadas

  • Para o Livro de Enoque:
    Nickelsburg, G.W.E., e VanderKam, J.C. 1 Enoch: A New Translation. Fortress Press, 2004.
  • Para o Corpus Hermeticum:
    Salaman, Clement (trad.). The Way of Hermes. Inner Traditions, 2000.
  • Para estudos cabalísticos:
    Scholem, Gershom. Major Trends in Jewish Mysticism. Schocken Books, 1995.

Nota: Todas as citações foram verificadas nas edições mencionadas. Algumas passagens foram adaptadas para o português com base em múltiplas traduções para maior clareza.

 


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